PROJETO aTERRAr

palestra-performance “aTERRAr: e se deixássemos de ser Humanos?”

Sinopse
São inúmeras as situações de descaso com o mundo em que vivemos. Ambientalistas já soaram o alarme diversas vezes, mas a maioria de nós continua sem tomar conhecimento ou saber o que fazer. Neste contexto, a palestra-performance aTERRAr aborda, didática e artisticamente, a problemática socioambiental do Antropoceno com o objetivo de convocar o público ao pensamento crítico e a necessidade de agir. É uma ação poética de divulgação científica com o intuito de fomentar o desejo conjunto pela construção de outras realidades, levantando a seguinte questão: e se deixássemos de ser Humanos, esse que é egocêntrico e separado da Natureza, e nos tornássemos Terranos, coabitando o planeta, de forma consentida, com todos os outros seres, elementos e estruturas?

Release
O projeto aTERRAr começou a ser gestado em 2021, ainda no período de pandemia do Covid19, dentro do grupo de estudos MUDE – Movimentos Urgentes em Dança e Ecologia, criado pela bailarina, pesquisadora e docente do Departamento de Arte Corporal da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Cláudia Millás, como uma das ações do seu projeto de pesquisa intitulado “Corpo-em-fluxo: práticas ecológicas para reinventar mundos”. Nesta ocasião, em diálogo com uma das integrantes do Grupo, Érica Tessarolo, artista da dança e das artes visuais, pesquisadora e educadora, interessada pela trama arte-vida-natureza, iniciou-se o processo de criação. Em 2022 com apoio do Programa de Ação Cultural do Estado de São Paulo – ProAC, por meio do edital para criação de espetáculo inédito de dança, foi possível compor a ficha técnica com diversos profissionais e concretizar a produção da palestra-performance “aTERRAr – E se deixássemos de ser Humanos?”.

O objetivo estava em desenvolver uma ação artística capaz de traduzir, sensivelmente, o que estava sendo falado nos diversos textos científicos, materiais técnicos e discussões realizadas pelos pesquisadores das mais diversas áreas, preocupados com o futuro do planeta e, em consequência, da nossa própria espécie. Como forma de contribuição das artes corporais para a reflexão e discussão acerca dos problemas presentes na possível nova época que vivemos, o Antropoceno, o trabalho pode ser visto como ação de divulgação científica, unindo o conhecimento das artes com os estudos recentes publicados por diversos autores.

Para compor a narrativa da obra e tentando abarcar a complexidade envolvida, partiu-se da análise dos seguintes autores: Stefano Mancuso, em “Revolução das plantas: um novo modelo para o futuro” que nos convida a perceber nas plantas uma possibilidade de revolução, assim como Emanuelle Coccia, em sua obra “A vida das plantas: uma metafísica da mistura” que aponta nossa dificuldade, enquanto animais, de reconhecermos a inteligência e importância delas; Bruno Latour, em seus livros “Diante de Gaia: oito conferências sobre a natureza no antropoceno” e “Onde aterrar? Como se orientar politicamente no Antropoceno”, que critica o negacionismo climático, convocando a encararmos Gaia em sua totalidade (animais, plantas e minerais, e suas ações e reações), questionando possibilidades de aterramento; Geneviéve Azam, em “Carta à Terra: e a Terra responde” que de forma sensível busca resgatar o sentido do viver no planeta, enquanto seres terrestres; Isabelle Stengers, em seu livro “No tempo das catástrofes: resistir à barbárie que se aproxima” que aponta para possibilidades de construção de futuros não bárbaros; Donna Haraway, em “Staying with the Trouble: Making Kin in the Chthulucene”, que expõe a necessidade de permanecermos com o problema, para podermos dar conta de sua complexidade; Anna Tsing, em suas obras “Viver nas ruínas: paisagens multiespécies no Antropoceno” e “O Antropoceno mais que humano” que a partir da concepção de paisagens multiespécies, revela a importância da diversidade de modos de vida interdependentes; Deborah Danowski e Eduardo Viveiro de Castro, em “Há mundo por vir?” que discutem sobre os mundos que estão porvir e se virão; Elisabeth Kolbert em “A sexta extinção: uma história não natural”, que revela a sexta extinção em massa que estamos vivendo, fruto das ações antrópicas; Luiz Marques, em suas obras “Capitalismo e colapso ambiental” e “O decênio decisivo: propostas para uma política de sobrevivência” que apresenta o capitalismo como cerne do colapso ambiental atual e a urgência em agirmos ainda nesta década; assim como dos pensadores e ativista indígenas, como Ailton Krenak, em “A vida não é útil” e “Ideias para adiar o fim do mundo”; Daniel Munduruku em “O banquete dos deuses” e Davi Kopenawa em “A queda do céu: palavras de um xamã yanomami”, que partilham suas sabedorias ancestrais a partir de cosmovisões que pensam, sentem e interagem como parte da natureza. Vale destacar ainda que o crédito da canção cantada ao final do trabalho é do povo indígena Yawanawá, como parte da pesquisa do grupo em cantos ancestrais.

Ficha técnica:
Concepção, criação e performance: Cláudia Millás
Direção e criação: Érica Tessarolo
Trilha sonora: Daniel Dias
Piano, guitarra, baixo e sintetizadores: Daniel Dias
Percussão: Magrão
Bateria: Lucas Casacio
Violino: Tammy Sanches
Desenho de som: Nelson Pinton
Videografia: Lucas Reitano
Consultoria vocal: Kátia Maffi
Figurino: Cláudia Millás e Érica Tessarolo
Costura e modelagem: Graciete Santos (Áurea Corte e Costura)
Identidade Visual:
Banner em arte têxtil: Hellen Audrey
Colagens: Maria Fernanda Carmignotto
Design Gráfico: Helena Ribeiro Ruschel
Fotografia: Karina Couto e Martin Zenorini
Audiovisual: João Fábio Matheasi
Texto dramatúrgico: Cláudia Millás
Revisão técnica do texto dramatúrgico: Luiz Marques
Produção geral do projeto: Cláudia Millás e Érica Tessarolo
Produção local das apresentações: Giulia Lucas
Operação de som e luz: Érica Tessarolo
Assessoria de imprensa Bragança Paulista: Shel Almeida
Assessoria de imprensa Campinas: Cecília Gomes

Duração: 50 minutos

Realização:
Secretaria de Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo

Apoio:
ProAC Editais (Programa de Ação Cultural do Estado de São Paulo)
UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro)
UNICAMP (Universidade Estadual de Campinas)
CIS Guanabara / Casa Lebre

Agradecimentos
Aos parceiros de travessia, que compõem nossa ficha técnica em suas mais diversas funções.
Aos colegas e mestres que nos ajudaram no processo de criação: Ana Cristina Colla, Angela Nolf, Renato Ferracini, Juliana Sá, Nelson Pinton, Hellen Audrey e Guga Costa.
Ao Grupo MUDE, pelo diálogo e espaço de criação, em especial Julia Gianetti e Giulia Lucas.
À Universidade Federal do Rio de Janeiro por propiciar a pesquisa.
À Ana Clara Amaral pela interlocução afetiva com a escola EMEF/EJA de Campinas.
À Helena Ribeiro Ruschel e Maria Fernanda Carmignotto pela interlocução com a EMEF de Bragança.
Ao Eduardo Albergaria pela consultoria de luz e Eduardo Brasil pelos equipamentos e operação no ensaio fotográfico.
Ao Marcelo Jeneci que gentilmente nos instruiu sobre o canto Yawanawa.
Ao Tadeu de Oliveira pela companhia, incentivo e apoio.
À criança Otto Tessarolo Dias pela curiosidade e encantamento com a vida.
Aos espaços que nos receberam: Casa Lebre; Cis Guanabara; E.E. Prof. Hilton Federici; E.E. Prof. Paulo Silva; e EMEF/EJA Padre José Narciso Vieira Ehrenberg.
E ao Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Cultura, Economia e Indústria Criativas, pelo financiamento.